segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

BLINDNESS


Com o lançamento do filme, me coloquei numa situação ambígua: a ânsia de ver tudo aquilo que imaginei ao ler o "Ensaio sobre a cegueira", um dos meus livros mais queridos e o receio de uma adaptação não fazer jus a grandiosidade da obra de Saramago...
Depois de muita relutância, resolvi finalmente assistir o filme... E me surpreendi!!
Extremamente fiel ao enredo, sua pequenas adaptações não alteram a mensagem: Estamos todos cegos! E somos os piores cegos, pois não enxergamos o que CONSEGUIMOS ver. A história não é sobre a epidemia da "cegueira branca" (tão bem mostrada no filme com os takes da textura de leite) e sim da perda da dignidade humana. É a moral que se choca com a sobrevivência, a mesma sociedade que vivenciamos de olhos abertos ou fechados.
Por isso do tom universalista da obra (presente também no filme), de um lugar sem nome, de personagens sem nome. Porque eles são o TUDO e o TODO.
Depois de ler algumas críticas especializadas e alguns blogs, reparei que é exatamente esse aspecto universal que traz uma dificuldade de interpretação dos espectadores. E dos leitores também, pois a narrativa de Saramago é composta tal e como! Outras reclamações dizem respeito a suposta ausência de espaço no filme para uma possível reflexão, um filme fechado... E há espaço para reflexão na nossa sociedade de cegos? É só mais um retrato de nossa cegueira que questiona não enxergando coisas que estão ao nosso lado.
E aí, a personagem central, a única que enxerga, é a que fica com o fardo mais pesado. O de ver tudo na impotência (ou não!).

Engraçado...

Quantas não foram as vezes que andei por aí sem óculos, esperando não ver mais absolutamente nada disso que me dá nauseas... Vendo só os borrões do alto dos meus 3,5 graus de miopia...


PEQUENO SPOILER!!

Uma das cenas que mais me comoveram no filme quase não chamou a minha atenção no livro por sua brevidade, a cena das mulheres que lavam a colega morta pós-cena de estupro coletivo...
Se a cena do estupro foi o sinal da sutileza de tratamento de Fernando Meirelles (quem leu o livro sabe que Saramago usa e abusa de detalhismo nessa hora), a ênfase no corpo sendo lavado foi a tentativa do diretor de dar a purificação necessária nos corpos violados, um respiro de humanidade em meio a brutalização do ser humano.

Chorei LI-TROSS!!

8 comentários:

  1. Não li o livro. E se só o filme já foi chocante pra mim, acho que o livro me deixaria pior.

    Ainda tenho nauseas de lembrar desse filme. Saí do cinema vendo a sociedade de um outra maneira.

    Um filme mais que perfeito, que mostra como o ser humano é acima de tudo um animal.
    E justifica seus atos dizendo que é um ato racional, mas na verdade não é.

    No filme vemos o ser humano nu e cru. Sem um de seus maiores sentidos.

    Temos que sentar e falar sobre isso qualquer dia! =D

    Tenho coisas a te contar depois! Te ligo hoje a noite!

    Beijos Ju!

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  2. Meu desenho de top do blooooooog!! o//

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  3. Estamos todos cegos! E somos os piores cegos, pois não enxergamos o que CONSEGUIMOS ver.
    Destaquei o que você sescreveu por que é oque obviamente passa o filme... filme muito forte com idéias adversas... um filme que adorei assitir, por sinal não li o livro mas do jeito que voce fala parece ser um livro mmuito bom de se ler.
    E a cena do estupro que vc enfatizou, realmente foi algo forte e a parte mais intrigante do filme na minha opinião

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  4. Não li o livro e muito menos vi o filme ...
    espero ver o filme,e quenão de nauseas tanto quando o livro..como vc mesma disse! (isso q eu intendi xD).

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  5. Nossa Jux vou providenciar ler ou assistir o filme, seu post fala tão bem dessa Obra que é impossível não se interessar. Como sempre seus posts são extremamente inteligentes, objetivos e a sua crítica cinematográfica é muito melhor do que a de um senhor chamado Rubens Ewald...conhece?...rsrs...Parabéns pelo Post Jux

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  6. Sou suspeita pra dizer qualquer coisa do meu-mestre maior.Filme genial, realizado de maneira competente e absolutamente artística.Um grande acerto, porém com a dualidade de falar de cegos pra cegos.QUe bom que alguns-como você- ainda enxergam.
    Vida longa ao mestre!

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  7. Agora vou ver esse filme..
    Posso acompanhá-la?!
    Te presenteei com um selo!
    Passa lá no meu blog TUDO QUE ME VEM À MENTE
    pra pegar e seguir as regras.
    Super bjo.

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  8. juu
    adoro as coisas que vc escreve, mas já tá na hora de um post novo, né?
    aliás, aquela hstória do desejo na árvore japonesa me fez até chorar.
    to com saudade de vc, machadetee!
    bjoos
    rafa

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